Chloris Casagrande Justen: Um Legado Imortal de Educação e Cultura 09/10/2024 - 16:39
Na última terça-feira, 8 de outubro de 2024, o Paraná perdeu uma de suas mais notáveis figuras culturais e educacionais, a professora e escritora Chloris Casagrande Justen, que faleceu de causas naturais aos 101 anos. Chloris não apenas foi a primeira mulher a presidir a Academia Paranaense de Letras (APL), mas também construiu uma trajetória sólida de dedicação ao ensino, à cultura e à defesa da literatura.
Nascida em Curitiba, no dia 15 de setembro de 1923, Chloris, desde cedo, nutria o desejo de ser professora, um sonho que ela enfrentou com determinação, mesmo em uma época em que era incomum o acesso de mulheres à educação superior. Aos 17 anos, ingressou no Instituto de Educação do Paraná (IEP). Sua trajetória escolar, marcada por desafios, como a disputa pela oratória na colação de grau, já mostrava o espírito combativo e pioneiro que a acompanharia por toda a vida.
A carreira educacional de Chloris foi intensa e diversa. Ela lecionou em vários centros de educação, mesmo tendo se afastado temporariamente do magistério para acompanhar seu marido, o magistrado Marçal Justen, em suas nomeações pelo interior do Estado, manteve seu compromisso com a educação. Em cada cidade em que residia, promovia atividades culturais, educacionais e recreativas, sempre com o objetivo de preencher lacunas administrativas ou pedagógicas locais, sempre de forma gratuita. Quando retornou a Curitiba em 1964, assumiu novamente a função de professora e foi peça-chave na criação da Escola de Professores Henrique Pestallozzi, consolidando sua marca como promotora da educação.
No âmbito cultural, sua presença foi igualmente significativa. Ocupando desde 1997 a cadeira nº 24 da Academia Paranaense de Letras (APL), cujo patrono é Luiz Ferreira França, Chloris desempenhou um importante papel no desenvolvimento da literatura e da poesia paranaense, sendo uma defensora incansável da valorização da cultura local. Entre suas realizações, destaca-se sua gestão à frente da APL, onde ela conseguiu a cessão do Belvedere da Praça João Cândido para a sede da Academia, uma conquista memorável para a entidade.
Além disso, sua luta pela inclusão da História do Paraná no currículo escolar é lembrada como um marco na preservação da memória cultural do Estado. Com o projeto "A Academia vai à escola", Chloris buscou garantir que as gerações futuras conhecessem a história do Paraná e percebessem sua importância para promover a cidadania.
O Arquivo Público do Estado do Paraná mantém registros importantes sobre Chloris Casagrande Justen, incluindo manuscritos originais de seus poemas e escritos, que oferecem um raro vislumbre de seu processo criativo. Chloris, uma mulher que desafiou as barreiras impostas ao seu gênero, deixou uma marca profunda na educação e na cultura paranaenses. Tais documentos constituem um testemunho vivo de sua luta por uma sociedade mais justa e educada, refletindo seu papel fundamental na construção do Paraná que conhecemos hoje. Chloris foi, sem dúvida, um exemplo de coragem, determinação e amor ao ensino, sendo lembrada por sua contribuição ao Estado, tanto como professora, quanto como escritora.
Seu nome, associado à APL e a diversas instituições culturais e educacionais, continuará ecoando através dos tempos, perpetuado pela força de sua obra e pela memória daqueles que tiveram a honra de conhecê-la e trabalhar ao seu lado. Chloris Casagrande Justen deixa um legado imortal que, a partir de agora, será parte da história que ela tanto lutou para preservar.
Como reconhecimento de sua importância para a cultura e a educação do Paraná, Chloris será uma das principais homenageadas na exposição Mulheres: A Conquista do Feminino, que será realizada no Arquivo Público do Estado do Paraná no dia 27 de novembro. A mostra, que celebrará a trajetória de mulheres que marcaram a história do estado, contará com um espaço especialmente dedicado à sua vida e obra. Manuscritos originais, de Chloris estarão expostos, oferecendo ao público a oportunidade de conhecer de perto sua obra e sua contribuição ímpar à educação, cultura e à luta pelos direitos das mulheres. A presença de Chloris na exposição simboliza não apenas sua importância histórica, mas também o impacto que suas ações tiveram na construção de um Paraná mais inclusivo e consciente de sua própria memória.