Dia Internacional do Soldado Desconhecido: Preservando a memória e o sacrifício da Luta dos Soldados Sem Nome 28/11/2024 - 16:54

O Dia Internacional do Soldado Desconhecido, celebrado em 28 de novembro, nos convida a refletir sobre os sacrifícios daqueles que deram suas vidas em conflitos armados, muitas vezes permanecendo anônimos na História. No Paraná, o Arquivo Público guarda registros de episódios marcantes, como a Guerra do Contestado e a participação do Exército Brasileiro na Segunda Guerra Mundial, em documentos que evidenciam o sacrifício daqueles que lutaram pela pátria e permanecem esquecidos na História.

 

A Guerra do Contestado: Heróis Silenciados

 

A Guerra do Contestado foi um conflito armado ocorrido no início do século XX na região sul do Brasil, na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, sendo documentada no fundo documental Carlos Cavalcanti de Albuquerque, Governador do Paraná durante o conflito (1912-1916). Esses documentos relatam as disputas territoriais entre os dois Estados da Federação, que mobilizaram tropas do Exército e causaram a morte de muitas pessoas, incluindo muitos civis.

 

Durante a batalha, que teve início em 22 de outubro de 1912, nove soldados e doze “caboclos” perderam a vida, incluindo o Coronel João Gualberto, comandante do Regimento de Segurança do Paraná (atual Polícia Militar), e o líder dos revoltosos, o monge José Maria. Todos, exceto o monge, foram sepultados em uma vala comum, mais tarde batizada de "Vala dos 21" (o corpo de João Gualberto permaneceu três dias no local e, posteriormente, foi transladado para Curitiba), um local que hoje simboliza o reconhecimento tardio desses combatentes anônimos. Segundo o Capitão Brito, da Polícia Militar, curador do Museu da Polícia Militar do Paraná, “os corpos estão todos enterrados na Vala dos 21, lá no município de Irani”, representando o sacrifício dos que lutaram pelos seus ideais em um conflito sangrento que tirou a vida de cerca de 20 mil pessoas.

 

A Força Expedicionária Brasileira e os Heróis da Segunda Guerra Mundial

 

Outro marco relevante da História Militar brasileira preservado no Arquivo Público são os registros no Fundo Documental Romário Martins sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. São documentos que narram a participação dos 25.443 soldados brasileiros que enfrentaram divisões alemãs em batalhas como a de Monte Castelo, no norte da Itália.

O saldo foi doloroso: 451 mortos e 2.733 feridos em ação. Muitos dos que tombaram em solo italiano foram sepultados no cemitério de San Rocco, próximo a Pistoia. Em homenagem, negociações foram realizadas para trazer seus restos mortais ao Brasil, destacando o respeito eterno ao sacrifício desses combatentes.

 

Preservação da Memória

 

O Arquivo Público do Paraná desempenha um papel essencial ao reunir e preservar documentos que perpetuam a memória desses episódios. Desde correspondências oficiais e recortes de jornais sobre a Guerra do Contestado até relatos pessoais, como os diários do General Laurentino Pinto Filho, a instituição permitirá que as histórias dos soldados desconhecidos sejam acessadas e compreendidas pelas gerações futuras.

O resgate dessa memória é um tributo não apenas àqueles que tombaram em Irani, mas também a todos os soldados que, em diferentes contextos, lutaram e morreram esquecidos. Que suas histórias continuem sendo contadas, lembradas e reverenciadas, reforçando nossa determinação de não os esquecer jamais.