No dia 4 de dezembro, celebramos o Dia Mundial da Propaganda, data que nos convida a refletir sobre o impacto da publicidade no comportamento do consumidor e na construção de marcas, mas, para além disso, a sua capacidade de nos apresentar novas culturas e expandir nossos horizontes. O Arquivo Público nos ajuda a contar um pouco da história da propaganda no Paraná por meio dos documentos aqui preservados.

A divulgação da erva-mate e do estado no exterior

A publicidade, para além de vender produtos, pode também vender ideias. E isso é exatamente o que foi proposto no projeto “A Propaganda da Herva-Matte”, por Emilio Guimarães em 1917. No projeto é apresentado o plano de propaganda para a divulgação da erva-mate na Europa. O documento descreve como seria feito: a erva ficaria exposta nas vitrines de um salão e, nos primeiros meses, seriam distribuídos pacotes de chá para os visitantes. 
O mais interessante desse documento é o que é proposto para além da divulgação do chá: a apresentação do Brasil e do Paraná para os visitantes. A proposta incluiria uma sala com impressos tratando de vários assuntos relevantes sobre o país e estado. O objetivo não era apenas vender a erva-mate, mas levar os ideais brasileiros para o exterior.

Giuseppe Todeschini e a função da propaganda na mudança de hábitos 

Ao falarmos da história da propaganda no nosso estado, não podemos deixar de lembrar da trajetória de Giuseppe Todeschini, o empresário visionário por trás da marca de massas Todeschini. Sua contribuição para o mercado publicitário e alimentício é um exemplo de como a propaganda pode transformar um produto desconhecido em um fenômeno.
Giuseppe chegou ao Brasil na década de 1870, se estabelecendo em Curitiba. Na cidade ele iniciou a venda de macarrão artesanal. No início, porém, o produto não era amplamente conhecido na região, o que deu a ele a ideia de percorrer a cidade, casa a casa, oferecendo seu macarrão e ensinando como prepará-lo, para assim conquistar a clientela local. 
Em 1906, Todeschini fundou a primeira fábrica de massas, utilizando uma prensa movida a tração animal. No Arquivo Público do Paraná, no Fundo Documental da Administração Provincial, encontra-se o requerimento de Giuseppe para abertura de sua empresa. Ao longo do século XX, a fábrica se expandiu e diversificou seus produtos com balas, biscoitos e bolachas. Segundo o vereador André Passos: “Giuseppe idealizou as máquinas para a indústria e aos poucos foi oferecendo o macarrão. Até então, o macarrão era um alimento desconhecido da maioria da população de Curitiba. Ele vendia o produto de casa em casa e, apesar da resistência dos consumidores, foi ganhando cada vez mais clientes. Também ensinava a maneira de preparar o macarrão e muitas vezes acabava degustando a macarronada na casa do freguês, conquistando a simpatia de todos".

Moldando percepções e expandindo horizontes

A proposta de projeto de Emilio Guimarães, assim como a história de Giuseppe Todeschini, nos mostra como a propaganda vai muito além de simplesmente a venda de um produto. A publicidade tem o poder de moldar nossas percepções, mudar hábitos, influenciar comportamentos, nos apresentar outras culturas e até mesmo definir a cultura de uma época.
Hoje, no dia mundial da propaganda, é importante refletirmos sobre como a publicidade molda nosso mundo e como ela pode, se for usada com criatividade e ética, ser uma ferramenta poderosa para o bem.
A indústria publicitaria evolui constante, trazendo novas tecnologias, trabalhando com plataformas digitais, inteligência artificial e redes sociais, mudando a forma como as marcas se conectam com o público. No entanto, a essência da propaganda permanece a mesma: criar história que envolvam o consumidor e os emocione.