A Origem de um Ícone Arquitetônico

Há exatos 70 anos, nascia no coração de Curitiba um símbolo da modernidade administrativa: o Palácio Iguaçu. Idealizado no contexto do 1º Centenário de Emancipação Política do Paraná, o edifício — projetado para ser a sede do Poder Executivo — integra o conjunto arquitetônico do Centro Cívico, um ambicioso plano urbanístico que transformou definitivamente a paisagem e a dinâmica da capital.

O nascimento do Palácio Iguaçu não foi apenas um marco visual, mas também histórico, como mostram os documentos preservados no Arquivo Público do Paraná, que nos permitem revisitar o planejamento dessa obra visionária. Entre as preciosidades históricas, encontram-se plantas dos edifícios, estudos de organização do espaço, imagens e desenhos arquitetônicos que revelam o cuidado, a técnica e a visão inovadora dos profissionais envolvidos.

Por trás desse marco arquitetônico estava a visão do governador Bento Munhoz da Rocha Neto que, no início da década de 1950, foi pioneiro ao idealizar um projeto que concentrasse o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, os três poderes, em uma área planejada.

Planejamento e Crescimento Econômico

A proposta era valorizar a imagem do Paraná, projetá-lo para o futuro e consolidar sua identidade no cenário nacional. Documentos da época, como a "Planta da Residência do Governador" (1952) evidenciam um trabalho minucioso de planejamento. Essas plantas não apenas desenhavam edifícios, mas introduziam um conceito inovador de urbanismo, pensado para acompanhar o rápido crescimento econômico e social do Paraná no período, impulsionado pelo ciclo do “ouro verde” (o café).

Comemorações do Centenário: Um Evento Histórico

As celebrações do Centenário da Emancipação Política do Paraná, em 19 de dezembro de 1953, marcaram a inauguração do Palácio Iguaçu e ficaram imortalizadas em registros fotográficos disponíveis na Agência Estadual de Notícias. Esses registros incluem a presença de figuras como o então presidente da República, Getúlio Vargas, e Juscelino Kubitschek, na época governador de Minas Gerais, e que mais tarde se tornaria presidente do Brasil.

Esse marco arquitetônico, concebido pelo Engenheiro paranaense Davi Xavier de Azambuja, destaca-se não apenas pela grandiosidade, mas também pelo cuidado arquitetônico e estético que o define. Essa atenção aos detalhes também é evidente em documentos históricos, como a "Solicitação de Pagamento feita pelo Studio de Maquetes Pillotis Ltda" (1953), que demonstra a preocupação em criar modelos tridimensionais fiéis ao planejamento original, fundamentais para antecipar detalhes e ajustes antes da execução. Essas maquetes foram registradas em fotos preservadas no livro "Ilustração Brasileira", disponível na biblioteca do Arquivo Público do Paraná.

Sete Décadas de Memória e Legado Visionário

Hoje, sete décadas após sua conclusão, o Palácio Iguaçu permanece como um símbolo vivo da arquitetura moderna brasileira e paranaense, refletindo um período em que a administração pública do Paraná consolidava sua posição de vanguarda. Nos corredores do Palácio, onde atualmente circulam autoridades, servidores e visitantes, ecoa o passado visionário que transformou um antigo terreno em um centro político-administrativo exemplar.