Paraná: Terra de Encontros e Construções Culturais no Dia Internacional do Migrante 18/12/2024 - 08:44

A história do Paraná é marcada por diversos tipos de deslocamentos populacionais ao longo das diferentes épocas de sua ocupação. Nos séculos XIX e início do XX, ciclos econômicos agrícolas, como os da erva-mate e do café, atraíram mão de obra tanto do Brasil quanto do exterior. Embora a imigração estrangeira continuasse a chegar ao estado, com menor intensidade, formando várias colônias no interior, os principais movimentos migratórios se concentraram em regiões ainda não colonizadas. No final do século XIX, a região norte, com suas terras férteis, chamou a atenção de fazendeiros paulistas e mineiros, que, de maneira espontânea e desordenada, expandiram suas plantações de café pelo chamado Norte Velho, formando rapidamente diversos núcleos urbanos. 

 

Posteriormente, programas de colonização organizada, com terras acessíveis, incentivaram a vinda de imigrantes europeus, que se estabeleceram no campo e encontraram solo fértil para construir comunidades prósperas. Isso pode ser observado no documento do “Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio”, presente no Fundo Documental PI 041 – Romário Martins, e no trecho do Livro “1° Centenário da Emancipação Política do Paraná”, presente na Biblioteca do Arquivo Público do Paraná, que destaca: “Uma das zonas preferenciais de núcleos imigratórios estrangeiros é a ‘Cafelândia’, ao norte, onde, segundo dados estatísticos da venda de lotes pela Companhia Melhoramentos (antiga Cia. Norte do Paraná), 52,8% dos compradores eram brasileiros e 47,2% estrangeiros. Entre estes, as porcentagens são as seguintes: italianos, 9,8%; japoneses, 7,9%; alemães, 6,9%; espanhóis, 6,3%; portugueses, 4,2%; etc., totalizando 33 nacionalidades diversas.”.

 

Graças aos sucessivos ciclos econômicos, seguidos pela diversificação produtiva e pelo fortalecimento da indústria e dos serviços nos centros urbanos, o Paraná consolidou-se como um polo de atração para fluxos migratórios internos e externos. A capital, Curitiba, especialmente após a década de 1960, não apenas ampliou as oportunidades de emprego em setores diversos, como a industrialização, mas também investiu na melhoria da qualidade de vida.

 

As contribuições dos imigrantes, a criação de diversas colônias destinadas ao seu assentamento, a conclusão da Estrada da Graciosa e a construção da ferrovia ligando Curitiba ao litoral desempenharam papel fundamental no fortalecimento da economia local. Ao longo do tempo, esses avanços provocaram transformações no desenho urbano da cidade, como pode ser observado nas imagens do Livro “Ilustração Brasileira”.

 

Hoje, 18 de dezembro, no Dia Internacional do Migrante, refletimos sobre como o estado do Paraná foi moldado ao longo do tempo por meio de um mosaico de culturas, trajetórias e esperanças. A documentação preservada no Arquivo Público do Paraná revela como, ao longo dos séculos, pessoas de diferentes origens ajudaram a construir o tecido social, econômico e cultural paranaense.