Maria Falce De Macedo
Maria Falce de Macedo nasceu em Curitiba, no dia 15 de janeiro de 1897, filha de Pedro e Philomena. Desde a infância, Maria conviveu com o ambiente de trabalho de seus pais, que eram proprietários de uma funerária, uma experiência que pode ter influenciado seu interesse por áreas relacionadas à saúde e à medicina. A proximidade com questões de vida e morte, assim como com o cuidado e o amparo ao próximo, pode ter sido um estímulo para o desenvolvimento de sua vocação. Desde cedo, demonstrou grande determinação e curiosidade intelectual, características que moldaram sua trajetória ao longo dos anos. Sua história de vida reflete a força de muitas mulheres que, apesar das dificuldades, buscavam o conhecimento e se dedicavam ao avanço da ciência em um ambiente muitas vezes hostil à presença feminina.
A jornada acadêmica de Maria se iniciou em 1914, logo após a fundação da Universidade Federal do Paraná, que naquele mesmo ano instituiu o curso de Medicina. O ingresso de Maria na universidade, ainda muito jovem, representou um marco histórico não apenas para ela, mas para toda a educação brasileira. A formação médica na época era um campo predominantemente masculino, mas Maria, com sua tenacidade, conseguiu superar as barreiras e se formar, em 1919, como integrante da primeira turma de Medicina da universidade. Essa conquista foi um símbolo de resistência e força, representando uma vitória para as mulheres em uma época de grandes desafios. Ela não apenas se formou, mas se tornou a primeira médica do Paraná, um marco que reverberou em toda a sociedade, mostrando que as mulheres podiam, sim, ocupar espaços até então inatingíveis.
Após a graduação, Maria decidiu não apenas praticar a medicina, mas também investir na carreira acadêmica, o que foi ainda mais pioneiro. Ela foi nomeada professora catedrática de Química Orgânica na mesma universidade onde se graduou, tornando-se a primeira mulher a alcançar esse posto no país. Esse cargo, extremamente relevante no campo acadêmico, foi uma conquista histórica, já que o ensino universitário no Brasil era ainda muito fechado para as mulheres. Maria quebrou barreiras, mostrando que a presença feminina era essencial em todas as esferas do conhecimento científico e acadêmico. Além disso, sua atuação no campo do ensino de ciências influenciou diretamente o desenvolvimento de gerações de médicos e cientistas, impactando a formação e o desenvolvimento da medicina no Paraná e no Brasil como um todo.
Maria Falce de Macedo também se destacou como pesquisadora e profissional de saúde. Em parceria com seu marido, José Pereira de Macedo, ela fundou um laboratório particular em Curitiba, o que representou mais um passo em sua busca por inovação no campo da medicina. Esse laboratório desempenhou um papel crucial no avanço da medicina no estado, ajudando a aprimorar os diagnósticos e tratamentos médicos. Em um momento posterior, o laboratório foi vendido, mas Maria continuou sua atuação como chefe do laboratório da Santa Casa de Curitiba, uma das mais tradicionais instituições de saúde do Paraná. Nesse cargo, ela contribuiu com importantes pesquisas e desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da medicina em sua região, especialmente no campo das análises clínicas.
Além de sua carreira médica e acadêmica, Maria se envolveu ativamente com a comunidade científica local, participando de debates e congressos, promovendo a disseminação do conhecimento e incentivando o papel das mulheres nas ciências. Sua vida, marcada pelo empenho e pela dedicação à profissão, foi um exemplo de como o trabalho em equipe e a constante busca pelo aprendizado são essenciais para o avanço da medicina. Ela não apenas curou e tratou pacientes, mas também ajudou a transformar o panorama científico e educacional de sua época.
Maria também se envolveu com a preservação e desenvolvimento da saúde pública, com um forte compromisso com a educação em saúde. Ela acreditava que a ciência deveria servir ao bem-estar social, e sua prática profissional e acadêmica sempre foi voltada para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, especialmente daquelas em situações de vulnerabilidade.
Maria e sua família residiram no bairro Ahu, em Curitiba, onde também se dedicaram à criação de seus filhos e à formação de novos profissionais. Ela faleceu em 24 de abril de 1972, mas seu legado permanece forte até hoje, sendo uma inspiração para muitas mulheres que seguem a carreira médica e científica. Seu nome está gravado na história como símbolo de superação, liderança e dedicação. Ela enfrentou um mundo acadêmico e científico cheio de desafios e preconceitos, mas sua determinação e brilhantismo a colocaram entre as grandes figuras da medicina brasileira.
REFERÊNCIAS:
https://g1.globo.com/pr/parana/podcast/pod-parana/noticia/2023/07/21/podparana-140-conheca-a-historia-de-maria-falce-de-macedo-a-primeira-medica-do-parana.ghtml
https://www.turistoria.com.br/a-trajetoria-de-maria-falce-de-macedo
https://santacasacuritiba.com.br/noticias/dia-do-medico-maria-falce/
https://www.tribunapr.com.br/blogs/parana-uma-historia/maria-falce-de-macedo-uma-mulher-a-frente-de-seu-tempo/
https://www.unesco.org/pt/days/women-girls-science
https://www.gov.br/inpe/pt-br/assuntos/ultimas-noticias/dia-internacional-das-mulheres-e-meninas-na-ciencia