Microrregião de Cerro Azul - Adrianópolis - CRQ São João
CRQ COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA SÃO JOÃO
A Comunidade está na região desde o ano 1760 habitando na época área que atualmente faz parte do Parque das Lauráceas, distante 115 quilômetros da sede do município. Segundo relatos de moradores a comunidade que recebe o nome de São João em homenagem ao santo católico, mas por ser formada às margens do rio São João, que deságua no rio Pardo. “Os primeiros que chegaram para formar a comunidade foram João Muratinho e Tomázia Fernanda de Matos vindos da cidade de El Dourado Paulista que à época, se chamava Xiririca. João Muratinho e Tomázia eram da mesma família que deu origem ao quilombo João Surá”, relata o quilombola Esmeraldo Antonio da Costa, filho de Gonçalo Antunes.
Plantavam e criavam animais para consumo na comunidade e também comercializavam. O comércio de suínos era feito duas vezes ao ano, no mês de junho e nas proximidades do natal quando matavam todos os animais que tivessem no ponto de abate, salgavam e por meio canoas de canela imbuia, feitas por eles, levavam a carga para vender em Xiririca (El Dourado Paulista). Lá vendiam não só os suínos, mas também as canoas, voltando a pé, em viagem que durava quatro dias. “O rio Pardo era como se fosse uma estrada de rodagem e remeiro (remador) era profissão”, diz Esmeraldo. Moradores relatam que atualmente a agricultura é familiar; o extrativismo e a pesca, no rio e com anzol também, porém, atualmente, a pesca é fraca.
Na comunidade existe a casa de farinha enquanto resistência, subsistência e tradição. As casas são cobertas de sapé, as paredes são de pau a pique e a água é de mina. O transporte até a cidade mais próxima continua sendo de barco, a cavalo ou fazem o percurso a pé. Na comunidade existe lideranças evangélicas e os moradores não fazem mais festas, não dançam e não identificam o padroeiro. Na lembrança de Esmeraldo ainda está presente a fala do pai sobre a importância da tradição da reza chamada Cruz das Almas, que era realizada no primeiro domingo de cada mês: “Tinha também a festa da Mesa dos Anjos e a Romaria de São Gonçalo, mas hoje nada disso se faz mais”, conclui.