Microrregião de Guarapuava - Palmas - CNT Tobias Ferreira

CNT COMUNIDADE NEGRAS TRADICIONAIS TOBIAS FERREIRA – (LAGOÃO)

Da mesma forma como as duas outras comunidades de Palmas, a Comunidade Negra Tradicional Tobias Ferreira, conhecida anteriormente como Lagoão, teve o seu nome mudado em homenagem ao patriarca Tobias Ferreira. Foi formada pelos negros escravizados da fazenda Pitanga.

Dona Juvina Batista Ferreira, 78 anos, casada com Mário Ferreira, filho de Tobias relata que seu sogro, chegara à região nas primeiras expedições de 1836 e morreu com mais de cem anos. Na lembrança da comunidade estão alguns nomes de pessoas que foram escravizadas na fazenda Pitanga: Ernesto, Benedito, Chica, Braulina das Neves e Efigênio, entre outros. Auri de Jesus Ferreira, filho de Dona Jovina conheceu negros com mais de cem anos que haviam sido escravizados e que contavam dos sofrimentos que passaram nas fazendas, desde orelhas pregadas (uma história recorrente nos Campos Gerais) a surras e outros castigos. Já livres, depois da venda da fazenda Pitanga para novos proprietários, houve muita violência por parte destes contra os negros e muitos, sem apoio das autoridades policiais, saíram de suas terras por não suportarem as perseguições e pressões para que abandonassem o local onde viveram quase dois séculos.

Os que resistiram e estão na comunidade até hoje têm orgulho de sua história de resistência e de luta. Expressões culturais: a dança de São Gonçalo que sempre acontece sem dia marcado no calendário permaneceu no decorrer dos anos; a capoeira também está presente nas novas gerações dos descendentes de Tobias Ferreira. Outro descendente, Juarez de Jesus Ferreira, relata que umbanda, candomblé e catolicismo fazem parte da espiritualidade da comunidade que agrega também os evangélicos. “Essa espiritualidade muitas das vezes está intercalada nas atividades culturais. Nossa preocupação é preservar a cultura e não deixar cair, não deixar sumir nossa história, mas fazer a nova geração continuar as danças e o uso de remédios de ervas que as vezes demoram até 48 horas para fazer efeito, mas funcionam”, diz Juarez.