Questões Sociais - Geração de Renda
Partindo da constatação da baixa escolaridade encontrada muito fortemente nas comunidades, com falta de qualificação profissional adquada e ausência de documentação pessoal como RG e CPF, etc. a geração renda nestas comunidades só se dá pelo cultivo à terra e do comércio das sobras da sua produção, raramente de artesanato, incluindo aí a farinha de mandioca. O trabalho geralmente é realizado por homem e mulher com idade e condições físicas no limite para a sua execução, no entanto, não é difícil encontrar também crianças menores de 14 anos de idade realizando funções destinadas à adultos. A seguir, veremos os índices de ocupações das comunidades classificadas por micro regiões.
Na micro região de Cerro Azul, na faixa etária entre 18 e 65 anos, temos um alto índice de trabalhadores bóias-fria, e um número insignificante de trabalhadores com carteira assinada.(28).
Na micro região de Curitiba, na mesma faixa etária, verificamos um relativo equilíbrio entre o número total de trabalhadores desempregados, com carteira assinada e trabalhadores avulsos, conforme demostra a tabela a seguir.
Na micro região de Paranaguá, aproximadamente 20% da população está entre 6 e 14 anos. O alto número deste percentual, aponta para a possibilidade de crianças estarem participando dos trabalhos realizados pela comunidade.
Na micro região da Lapa, identificamos um número elevado entre a população considerada desocupada (65%). A maioria está concentrada na faixa etária entre 18 e 65 anos, demonstrando que o segmento mais responsável pela produção e reprodução da comunidade se encontra destituído das condições para o trabalho, resultando que, quase metade da população (45%) está desocupada, logo, sem recursos financeiros e trabalhistas.
Assim, de acordo com o item OCUPAÇÃO, com exceção, da função “trabalhadores avulsos”, há um elevado percentual de pessoas desocupadas em todas as faixas etárias, sobretudo, entre a população economicamente ativa (idade entre 18 a 65 anos) da região.
Outro aspecto considerado importante na geração de renda das comunidades remanescentes de quilombos e comunidades negras tradicionais, são os benefícios sociais que os moradores recebem. Porém, vale ressaltar que uma parcela muito pequena dos moradores contam com tais aquisições. E por se tratar de direitos concedidos aos mais idosos, principalmente, pensão, aposentadoria, etc, podemos concluir que estes recursos, geralmente, são destinados para a compra de alimentos básicos para a família e remédios pessoais, e não podem ser considerados como renda voltada para a população local com um todo, mas pelo contrário, tais rendimentos são parcos e individuais.
Tal situação revela uma realidade bastante ruim, em muitos casos, mais de 90% da população não conta com nenhum benefício social, mesmo aqueles que deveriam fazer parte da aquisição obrigatória, como bolsa família, bolsa escola, etc. Acreditamos que o baixo número de crianças nas escolas e com ausência de documentos pessoais, são elementos que contribuem para esta situação. O gráfico a seguir, relaciona alguns benefícios sociais das comunidades remanescentes de quilombos e nas comunidades negras tradicionais e a faixa etária onde estes se fazem presentes.
Como podemos perceber, nas comunidades remanescentes de quilombos e nas comunidades negras tradicionais, há uma ausência quase completa de benefícios sociais em todas as faixas etárias, sobretudo, no segmento em que se encontra a população economicamente ativa da comunidade (de 18 a 65 anos). O benefício social mais presente consiste nas aposentadorias, portanto, destinado, principalmente, aos moradores com mais de 65 anos de idade. Como veremos na seguinte tabela.
Neste sentido, podemos reiterar que o cultivo de determinados produtos contribuem para a geração de renda nas comunidades. Geralmente com trabalho e irrigação manuais, as lavouras são imprescindíveis na base alimentar dos comunitários. Portanto, o cultivo à terra é a principal atividade econômica deste segmento da população paranaense. O arroz, o feijão, o milho, a abóbora, a mandioca, a banana e o amendoim, estão entre os produtos mais plantados nas comunidades remanescentes de quilombos e negras tradicionais. O plantio da mamona na comunidade Água Morna, batata-doce na comunidade do Tronco e cana-de-acúcar na comunidade Guajuvira são destaques mais importantes entre os produtos oferecidos nas regiões. Embora mais de 90% do plantio esteja voltado para o consumo interno, isto é, para subsistência dos próprios moradores, vale salientar que o milho e o feijão nas comunidade do Limitão e do Guajuvira, a banana nas comunidades Batuva e Rio Verde e a batata na comunidade do Despraiado, estão entre os produtos mais comercializados nestes locais.