ROMÁRIO MARTINS E O PARANISMO

O Paranismo foi um movimento artístico e cultural surgido no Paraná no começo da década de 1920 até meados de 1930 que desenvolveu símbolos através de esculturas, desenhos, pinturas e decorações para formar uma identidade regional para o Estado.

Após sua emancipação política face à então província de São Paulo, em 19 de dezembro de 1853, o Paraná viu aumentar seu fluxo migratório, política esta determinada por Zacarias de Góes e Vasconcellos quando presidente da província (1853-1855). Esses imigrantes, de diferentes países, idiomas e culturas, mantiveram seus costumes e tradições, dificultando a formação de uma cultura homogênea paranaense, algo singular e único que englobasse todas essas populações. Paralelamente a isso, após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o governo republicano considerou necessário criar imagens, representações e alegorias no imaginário individual e coletivo para que a população se adaptasse ao novo regime, visando superar o fim do Império e combater os sentimentos monarquistas. Contudo, poucas eram as figuras e símbolos genuinamente paranaenses: foi preciso inventá-los.

Tal tarefa ficou a cargo de artistas, intelectuais e literatos como Guido Viaro, João Turin, Theodoro de Bona, Zaco Paraná, Lange de Morretes, João Ghelfi e, entre outros, Romário Martins. Esses homens das artes constataram a ausências de traços típicos do Paraná, havendo, portanto, a urgência de símbolos e tradições para fazer surgir um elemento aglutinador, incutindo um sentimento de pertencimento à terra numa população com diferentes origens e hábitos.

Alfredo Romário Martins nasceu em Curitiba no dia 8 de dezembro de 1874. Em sua vida, exerceu as funções de jornalista (pelo qual recebeu a alcunha de “príncipe”), político e historiador. Por 23 anos foi diretor do Museu Paranaense. Foi também um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, em 1900, órgão fundamental na construção dos fundamentos do Paranismo. Em 1927, Romário Martins criou e assim definiu o termo: Paranista é todo aquele que tem pelo Paraná uma afeição sincera e que notavelmente a demonstra em qualquer manifestação de atividade digna, útil à coletividade paranaense. (...) Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo, cadeou uma floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma fábrica, compôs uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma injustiça, educou um sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore”. Romário Martins faleceu em Curitiba no dia 10 de setembro de 1948.

A maior parte das representações paranistas foram nas artes plásticas e tiveram como tema recorrente elementos da fauna e flora do Paraná: a gralha-azul, a erva-mate, a araucária e o pinhão, este tendo sua forma muito utilizada nas decorações e calçadões da cidade.

REFERÊNCIAS:

BUENO, Luciana. Paranismo: Um resgate histórico das artes visuais no Paraná. Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Curitiba, 2009.

Curitiba é arte: O que foi o Movimento Paranista?, em <https://curitibadegraca.com.br/curitiba-e-arte-o-que-foi-o-movimento-paranista/>. Acesso em: 2 de abril de 2025.

DANIEL, André Ribeiro. Paranismo: passado e presente. Monografia em Especialização em Artes Híbridas – UTFPR. Curitiba, 2016.

Movimento Paranista, em <https://docs.ufpr.br/~coorhis/kimvasco/paranismo.html>.

Paranismo, em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Paranismo>. Acesso em: 2 de abril de 2025.

Quem foi Romário Martins, “príncipe dos jornalistas”, em <https://www.cultura.pr.gov.br/Noticia/Quem-foi-Romario-Martins-o-Principe-dos-jornalistas-do-Parana-que-foi-diretor-do-MUPA>. Acesso em: 2 de abril de 2025.

Romário Martins: político, guardião da história e líder do paranismo, em <https://www.curitiba.pr.leg.br/informacao/noticias/romario-martins-politico-guardiao-da-historia-e-lider-do-paranismo>. Acesso em: 2 de abril de 2025.