Servidor da Seap brilha com obras de arte 29/11/2013 - 14:00

O servidor José Waldomiro Teixeira, o Miro, não é apenas um auxiliar administrativo dedicado lotado na sede da Secretaria da Administração e da Previdência (Seap), em Curitiba, onde se desloca com agilidade, tendo como auxílio as muletas canadenses. Ele é também um artista. Nele, a simpatia e a prontidão para servir somam-se ao talento que encanta olhos e arranca elogios.

“O artista tem que ser capaz de provocar, de instigar ou ainda, como faz Miro, criar um oásis na realidade angustiante dos nossos dias. Utilizando cores fortes e vibrantes, uma linguagem original e expressiva, este artista é verdadeiramente um sonhador do cotidiano”, diz a ex-diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná e professora universitária de História da Arte e Estética, Dra. Maria Cecília Araújo de Noronha.

Para ela, Miro é um artista naïf, um termo francês derivado do latim, que tem o sentido de simples, natural, original. E não há melhor definição para ele, comprova a professora: “Quase sempre autodidatas, os artistas naïfs, indiferentes às disciplinas acadêmicas, à tradição e às transformações estilísticas privilegiam o cotidiano, o amor, os animais, representando-os de formas simples, sem qualquer preocupação teórica, buscando apenas o prazer de criar um mundo feliz e tranquilo, onde a representação plástica e a realidade se confundem.”

É isso que brota ao apreciar os desenhos ou na conversa com o artista. “Para mim, o desenho é um passatempo, crio a paisagem na cabeça e começo a desenvolver”, afirma. Ele já perdeu a conta de quantos fez. Tem pelo menos um fora do Brasil, mas nem se lembra mais se foi dado ao integrante de uma comitiva portuguesa ou espanhola, lá pelos anos 90, quando era recepcionista das secretarias no Edifício Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, onde hoje está o Museu Oscar Niemeyer.

Na lembrança a certeza de que, antes mesmo de ir à escola, quando ainda morava em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, onde nasceu, já desenhava no caderno do irmão. Aos 9 anos, mudou-se para Curitiba, com o objetivo de tratar a paralisia nos membros inferiores. No Colégio da Polícia Militar completou o ensino médio. Seu talento era disputado, com sorteio para saber de qual grupo Miro participaria para a realização dos trabalhos de educação artística.

Em 1979, por indicação da Associação Paranaense de Reabilitação, começou a trabalhar como ascensorista no Governo do Estado, contratado por uma empresa terceirizada. No dia 11 de novembro de 1981, passou a ser servidor público estadual. Na Secretaria da Administração, teve como companheiro e mestre o tio, Vítor Teixeira, já falecido, também um artista. “Com ele aprimorei o talento, fui pegando os detalhes”, diz.

Logo sua facilidade para o desenho ficou conhecida entre os servidores. Como não havia computadores, era a ele que recorriam quando precisavam de gráficos. “Usava tinta nanquim em papel vegetal”, recorda. Hoje continua a ser procurado para serviços gráficos. Suas paisagens e retratos projetam-se do grafite para as cartolinas e, depois, recebem o colorido de giz ou lápis. “Uso isso como distração, nunca me preocupei em ganhar dinheiro, as pessoas é que valorizam”, afirma.

Miro já fez uma exposição no hall do 4º andar do Palácio das Araucárias. A partir de 2 de dezembro, algumas das obras estarão expostas na sede da Paranaprevidência. E, no primeiro semestre de 2014, vai para a Sala do Artista Popular, na Secretaria de Estado da Cultura.

“Nossa missão como secretária da Administração inclui, também, a valorização dos servidores, não apenas no ambiente de trabalho, mas nos talentos particulares com os quais nasceram ou que desenvolveram ao longo da vida”, disse a secretária da Administração e da Previdência, Dinorah Botto Portugal Nogara.. “A Seap está aberta para apoiar e divulgar os trabalhos.”

Leia a crônica sobre Miro na Gazeta do Povo. Clique aqui!

GALERIA DE IMAGENS